quinta-feira, 8 de maio de 2014

Daquelas que o fogo consumiu



    As vezes penso que isso é um sonho. Vivo contigo dentro da minha cabeça. Passo o dia inventando histórias pra ver se diminui a falta que sinto. A falta do que desconheço. Fecho os olhos e deslizo o dedo por seus cabelos. Rio sozinho, me sinto um idiota. Degusto os sabores que você me causa e vou do desespero à felicidade na velocidade de um sorriso. Finjo que recebo cartas. Finjo que te escuto me chamar de dentro de meus sonhos. Ando nas ruas como se não fosse daqui. Procuro em meio à multidão a intensidade de seus olhos, mas não te encontro. Aguardo... Espero... Os dias correm e nada acontece.
    Penso que você gosta mesmo é de me encontrar nos livros, nas fotos, nas músicas. E realmente não seria diferente sendo uma criatura tão encantadoramente artística como é. E eu adoro! Me transformo em arte pra ser o que você quiser de mim. Porque a verdade é que eu balanço, resmungo, me escondo, mas não aguento. Sempre volto a te esperar...
     O problema, minha garota, é que não sei viver pela metade e a paixão eu sinto é até os ossos. E você anda muito dentro de mim, na mina cabeça o tempo todo. E as vezes penso que você se tornou invenção e que a minha paixão é sozinha. Por isso sempre vejo suas fotos e carrego gravado em mim todas as coisas apaixonantes que você me disse. E minha coletânea de blues... parece que foram escritos pensando em você. Conheço os limites e sei que vivemos de contratempos, mas... Se há em você a força que há em mim, não haverá o que nos separe.
      Tenho duas passagens pra um lugar que você não vai se arrepender de conhecer. No caminho eu te explico melhor.  Vem comigo?


Gabriel Lopes Sattelmayer