segunda-feira, 11 de julho de 2011

Adultez

     É presente em mim o espanto diante da realidade de que as fases boas e ruins quebram como ondas na face de nossas vidas e, por serem ondas, vão e vem com a mesma facilidade. Essa dança de incrível mau gosto nos apresenta os mais intensos, apaixonantes e malditos sentimentos de estonteante alegria e profunda tristeza de uma forma tão marcante que, depois de um tempo, se transformam em um conformismo calejado que se instala permanentemente em nosso subconsciente.
     Esse “calo” é o que chamamos de amadurecimento. O amadurecimento nos defende de uma forma fria e calculista. Ele diminui a intensidade do ser humano, tornando-o robótico e cada vez menos sentimental e mais parecido com uma pedra. Inclusive, a pedra é uma boa comparação com o ser humano. Tem a sua origem pura, bruta e, com o passar do tempo e ação de intempéries, é moldada, refeita ou destruída.
     A pior parte desse amadurecimento é ter a consciência de que ele está ocorrendo. Perceber, mudar, se refazer e notar que aquela pessoa sensível e impulsiva que você (acredito que não sou só eu que penso assim) tanto valorizava não existe mais. O que, apesar de parecer, eu não acho negativo, pois infelizmente a vida exige certa frieza em determinados momentos para que não ocorram suicídios.
     Mas nesse gelo da razão e nessa repetição de ondas uma a uma, permito-me atentar ao fato de que a eternidade é apenas um sonho e que essa dura realidade que lutamos contra o tempo todo, quando compreendida, nos possibilita ver que a vida tem um curso natural e que as coisas sempre se acertam, mesmo que não seja da maneira que esperamos ou que gostaríamos que fosse. Diante disso, concluo que a única saída é viver cada momento da melhor maneira possível. Isso tudo é um pouco clichê, mas talvez, por ser clichê, é deixado de lado.
     Não defendo o destino, pois a vida é feita de escolhas e para cada escolha feita surgem mais escolhas, então não há um só caminho ou uma só razão, todavia para cada escolha nossa há uma razão, seja ela consciente ou não.


Gabriel Lopes Sattelmayer

4 comentários:

  1. Adorei o seu blog e estamos te seguindo.
    Espero que você dê uma passadinha no nosso e siga-nos!
    Aposto que você vai amar :)
    Um beijo.

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  2. O mais difícil é realmente quando vc tem a certeza de que cresceu... do tempo que passou, o que perdeu ou n... os arrependimentos.. o q podia fazer... Mas tbm tem suas vantagens. Quando amadurecemos, aprendemos com os erros.

    Um xeruuuuuuu enorme no cangote! *~*

    s2~

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  3. Sintir o peso da água corrente...da vida.
    A Água do rio não corre por escolha egoísta de exibição de sua imensidão. Ela deve seguir, ela tem desprendimento suficiente para ser corrente...dar lugar à sua outra parte d'água, filtrar o solo, arrastar os peixes até seu ninho molhado para reproduzir, retirando os galhos que os prendem, por sinal trazer para a beira uma espuma protetora para os bichos rastejantes se lavarem. Isso é a correnteza, o fluxo fértil. A madureza. A herança altiva.
    Parece cru, e triste, e é. Mas pensemos no que há após tal contentamento natural.

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