terça-feira, 18 de setembro de 2012

Testando palavras


   Se agonia fosse a palavra certa para mostrar a intensidade dos meus momentos de espera, seriam sofridas as minhas noites. Se o medo ilustrasse a minha falta de palavras, seriam indecisas as poucas de me escapam.
   Compartilhamos nossas almas por mero desejo da carne e aqui estamos nós... Vivos! E por mais insanos que nos considerem, somos o vento que um dia há de mover moinhos.
   E se “a capacidade do ser humano de criar interesse é natural”, naturalmente desejo me tornar parte de você. Alimentar a força que não permite que o mundo se canse de girar. Seguir o ritmo da inevitável transformação da qual fazemos parte.
   Queria poder traduzir a felicidade de senti-la passear em minhas noites repetindo nossas falas baixinho para não acordar ninguém, mas há certas palavras que, concordo com você, por mais que eu tente, não podem ser escritas, apenas sentidas. Mesmo não fazendo parte do universo cognitivo da escrita, poderá você me sentir?
     Te quero!
     Te cuida!


Gabriel Lopes Sattelmayer

3 comentários:

  1. Segredos guardados mantem o prazer apenas por continuarem guardados...

    Mas a vontade de revelá-los existe... e as consequências também.

    Texto foda! To viajando aqui... rsrsr

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  2. Regando segredos

    Adormecer já num estágio de decadência é providência do fluxo. Agora acordar cheia de luz em pleno sono desidratado de emoções, ou que se possa dizer sem esperança, é uma causa indispensável do fuso horário emocional. E como tudo que vem do sentimento é forte e arrasta mesmo os corações trincados é um arremate certeiro.
    A palavra certa para descrever os momentos covardes de espera não está escrita, está num raio de sol que passou por nós numa certa manhã curiosa e cansada, que se deixou levar para o sul prolongando tal sentimento. A proporção de uma espera não é contada nem enquanto se arrasta pela noite desvalida de fome, mas pelas vezes que essas almas sofridas se encontram de modo imaterial, como espectros de carne, podendo se alimentar, recobrar o desejo e cumpri-lo, se fartar de si. Talvez o sentimento de distância se mantenha duramente por não haver memória suficiente para reproduzir com calor o que se passou de tão contente ao se completar no selar de desejos cumpridos.
    Caminhos que cruzam caminhos que já eram cruzados não se desfazem.
    Mas a espera ainda dói. E o medo é pavoroso.
    O “verde” que me faz transportar de um mundo exausto e já vulgar para um jardim fértil, sendo cultivado cautelosamente à espera de novas estações, cativante com detalhes especiais, é o mesmo que me conforta e acalma, não importa se me desespero quando sinto o calor que ele proporciona na alegria que carrega e exala em mim, a firmeza que fortalece meus nervos, a febre que me causa quando não pode se aproximar. É um sentimento de cor esverdeada, desabrochando e se firmando nesse solo cheio de fadiga.
    Tudo faz parte de uma caminhada em plantio. E não é tão distante a vista da colheita.

    Akiw'
    00:15 14/10/12

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