quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Recuso-me como palavra


     Acho que ando criando desgosto pela escrita. A escrita é o mesmo que dizer em silêncio, mas mesmo assim não deixamos de dizer e “dizer” é a raiz do problema.
     Há quem “diga” que a fala é o que limita a evolução do ser humano e eu não consigo discordar. Quando paro para analisar que nos restringimos a um dicionário para nos resumir à ondas sonoras de intensidade tão baixa que o som mecânico de um simples ato de pregar um quadro se torna suficiente para anular a nossa voz eu penso em arrancar minhas cordas vocais. Sempre achei as palavras vagas e, por ironia, me encontrei aqui, na tinta...
     É foda perceber que somos obras tão mal feitas que a razão pela qual vivemos se limita na luta por tentar se sentir um pouco menos inútil e no fim a nossa utilidade é sempre a mesma: Fertilizar o solo tal como o esterco.
     Li uma matéria de uma revista que dizia que as formigas se comunicam por telepatia. Não sei se sinto raiva ou pena de nós. Estamos aqui confinados... Cercados por limites tolos... Nivelados por baixo...
     Acho que estou precisando beber!

Gabriel Lopes Sattelmayer

Um comentário:

  1. Ainda assim, escrever é a maneira mais drástica e permanente de se dizer o que se pensa. E não se pode negar que há um leve nível de telepatia em certos seres humanos (casais, por exemplo óbvio), que, em certo momento do relacionamento, se comunicam por grunhidos, e não precisam de muito mais.Seu post é uma visão da palavra, mas podemos assumir que ela parece mais multifacetada.
    Quanto ao teu belo comentário, estamos quites; me encanto com tuas palavras.
    E o tempo... ah, Rilke dizia: "Do tempo a gente nunca, nunca acorda". É uma entropia louca, o que dizer?

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