- Agora é a vez
de sua agonia, senhor. Mostre-me a sua
tão anunciada fome de ser sólido! Vença meu humor sombrio e diga que não passo
de um comediante de quinta! Diga-me, mas utilize o tempo que for necessário
para responder... Onde estão as suas palavras de jovem escritor? Sucumbiu ao
silêncio do campo, meu caro? Aquele campo que você abandonou a pouco sem pestanejar. E das suas linhas empoeiradas, restou algo
para ser lido? Não sei, mas não consigo ver o exército verde que marchava ao
seu lado urrando hinos de prosperidade... Tome ciência de que além de você e eu
não existe mais ninguém e que a minha derrota significa a sua eterna solidão.
Então me teste! Desafia-me! Ganhe! Mostre-me que sabe dançar tão bem quanto
sabe morrer e morra! Morra aos meus pés...
*Ouviu tudo em
silêncio, encarou-o como quem fuzila com os olhos, tirou um cigarro do bolso e o
acendeu como se fosse um tiro. Partiu como se fosse indiferente e deixou
somente seu cheiro de pólvora. Chovia...
Gabriel
Lopes Sattelmayer
O cigarro sempre nos aliviando
ResponderExcluirDe qualquer agonia momentânea.
Estou a segui-lo.