domingo, 23 de março de 2014

Aguarde o sinal do fechamento das portas!

     Parei para descansar no fundo do poço da criatividade. Semana passada pari um texto. Tão doloroso que perdi a paciência e o arremessei ao fogo, meu maior leitor e confidente dos últimos tempos. Acontece que a máquina que me move estagnou. Caiu ao chão por falta de lubrificante. Nós estamos com sede! Precisamos de uma dose do que tiver de mais forte nessa Terra. Ou melhor, Terra não! A terra está sempre dividindo os limites do Céu e do Inferno. Eu quero uma dose de Céu! Do mais puro céu! Saltar do mais alto pico e cair macio como se tivessem revestido o mundo de feno. E que a certeza do chão macio não fosse me dada. Que eu sentisse cada fase da queda como se fosse meu ultimo suspiro de vida. E levantasse um tanto abobalhado como se tivesse sonhado a noite toda.
    Mas se essa alegria me fosse negada, que viesse o inferno, eu não me importo. Que todo o mundo mergulhasse em cinza e até a água amargasse a boca. Que eu sentisse desesperadamente insignificante qualquer que fosse o prazer meu. Que a solidão me arrastasse como imã para dentro de minha cabeça e lá eu permanecesse por meses. E que toda essa angústia me forçasse o grito. E que jorrasse como vômito todo o horror em forma de poesia.
    O que mata é essa mediocridade. Estado de satisfação e bem estar confortante. Nem tão lá nem cá. Essa falta de tempero me amordaça as mãos e delas não saem nem o “dó, ré, mi”. Mas não tem nada não... Esse incômodo é coisa besta. Um descanso para a inversão de polos que vem chegando. E disso eu só digo uma coisa. Viverei intensamente cada segundo!



Gabriel Lopes Sattelmayer

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