Parei para descansar no fundo do poço da
criatividade. Semana passada pari um texto. Tão doloroso que perdi a paciência
e o arremessei ao fogo, meu maior leitor e confidente dos últimos tempos.
Acontece que a máquina que me move estagnou. Caiu ao chão por falta de
lubrificante. Nós estamos com sede! Precisamos de uma dose do que tiver de mais
forte nessa Terra. Ou melhor, Terra não! A terra está sempre dividindo os
limites do Céu e do Inferno. Eu quero uma dose de Céu! Do mais puro céu! Saltar
do mais alto pico e cair macio como se tivessem revestido o mundo de feno. E
que a certeza do chão macio não fosse me dada. Que eu sentisse cada fase da
queda como se fosse meu ultimo suspiro de vida. E levantasse um tanto
abobalhado como se tivesse sonhado a noite toda.
Mas se
essa alegria me fosse negada, que viesse o inferno, eu não me importo. Que todo
o mundo mergulhasse em cinza e até a água amargasse a boca. Que eu sentisse
desesperadamente insignificante qualquer que fosse o prazer meu. Que a solidão
me arrastasse como imã para dentro de minha cabeça e lá eu permanecesse por meses.
E que toda essa angústia me forçasse o grito. E que jorrasse como vômito todo o
horror em forma de poesia.
O que
mata é essa mediocridade. Estado de satisfação e bem estar confortante. Nem tão
lá nem cá. Essa falta de tempero me amordaça as mãos e delas não saem nem o
“dó, ré, mi”. Mas não tem nada não... Esse incômodo é coisa besta. Um descanso
para a inversão de polos que vem chegando. E disso eu só digo uma coisa.
Viverei intensamente cada segundo!
Gabriel Lopes Sattelmayer
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