quarta-feira, 11 de maio de 2011

A base

     Na madrugada do dia 6 de maio de 2011, fui surpreendido por um vídeo do cantor Eddie Vedder cantando uma música de um filme chamado “Into the Wild”. Naquele momento eu fui tomado pela dúvida: “Será que esse é aquele filme que vi em casa há mais ou menos dois anos atrás?”, me perguntei. Sim, era ele! E na mesma hora, uma felicidade tomou conta do meu dia e a inspiração me fez sentir necessidade de me expressar de alguma forma. Foi então que dei início a esse blog.
     Por que eu estava tão feliz? Pois esse filme se tornou o meu filme preferido, depois que eu o assisti. E porquê de ele ter tanta importância? Pois ele relata a história de um jovem que abre mão de todos os conceitos e da sociedade para ir em busca da liberdade e felicidade em seu estado mais extremo.
     Liberdade sempre foi um assunto questionado por mim. Será que com tantas regras e objetivos traçados em nossas vidas por nossos superiores hierárquicos, é possível obtê-la? Obviamente não, eu concluía. Para isso acontecer você primeiramente teria de se desapegar de todo o conceito sedentário de conforto e falsa segurança que nos é ensinado como o básico para se ter uma boa vida.
     O problema era que para fazê-lo, demandaria uma enorme coragem e força de vontade. Força de vontade eu sempre tive, mas o que falta é coragem e, nesse ponto, coragem é o item de maior peso.
     Porém, do fim de janeiro ao fim de março, conheci algumas pessoas com quem tive contato por pouco tempo. Suas histórias apenas passaram por mim. Mas neste texto, eu gostaria de citar três delas. Todas elas eu conheci em minha cidade natal, São Thomé das Letras e seus nomes são: Rafael, Franciele e Duende.
     O Rafael tinha saído de sua casa em Campinas para rodar por algumas cidades e descobrir respostas para algumas perguntas. Ele tinha uma visão analítica das coisas bem parecida com a minha. Ele lia muito, livros que trouxessem algum tipo de informação que pudesse complementar, ou gerar reflexões sobre suas idéias metafísicas. Porém ele sempre dizia que os livros não continham uma verdade sólida e que suas idéias eram vagas. Os livros, para ele, serviam apenas de base para gerar discussões e que o valor real estava no diálogo.
     A Franciele, ou Fran, como eu a conheci, é uma menina da cidade de Muzambinho que chamou muito minha atenção. Na noite que eu a conheci era a sua ultima na cidade, pois ela voltaria para casa na manhã seguinte. Ela tinha um jeito de quem estava saturada de alguma coisa em sua vida e estava disposta a sentir e absorver a energia e a sensação de liberdade do ambiente o máximo que pudesse. A nossa idéia central era o descaso das pessoas com eventos cotidianos oferecidos pelo sol, pela lua, pelo vento, que nos fazem tão bem, se dermos ao menos o mínimo de atenção a eles.
     Do Duende eu nunca soube seu nome, mas também não achei necessário. Ele tinha aberto mão de sua casa para viver andando pelo país e colecionando histórias e experiências, levando a vida da maneira que ele achasse que fosse bom para ele. Seu fundamento era ser feliz a todo custo.
     Conversando com essas pessoas eu mudei meu foco de vida e também mudei minha maneira de ver as coisas. Não possuo a coragem de desfazer da minha vida e seguir o extremo da liberdade e felicidade, mas agora vivo refletindo sobre eventos metafísicos, sentindo as energias e buscando ser feliz à minha maneira, sendo de uma certa forma livre. Sinto-me mais completo e no dever de continuar assim... Compartilhando.

Gabriel Lopes Sattelmayer 

10 comentários:

  1. Sinto inveja desses seus amigos (uma inveja boa viu?!) sempre quis poder ter esse desapego e fazer as coisas que sempre quis, andar pelas cidades, pelo país e porque não pelo mundo? Acho incrível quem tem essa coragem de se desapegar a tudo, ao conforto e ao dinheiro e conseguir viver e ser feliz assim. Talvez se as pessoas fossem mais focadas em ser feliz e não em serem ricas, o mundo seria diferente!

    Xeruuuuu!!! =*********

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  2. Não acredito em felicidade. Não nessa felicidade que as pessoas sempre procuram como se estivessem numa jornada onde o objetivo fosse alcançar algum tipo de vitória, nessa ideia utópica de bem estar pleno com tudo e com todos. Não, ao contrário delas, acredito em momentos felizes. Momentos sim que nos fazem sentir em bem estar pleno com a gente e com os outros, por mais passageiro que seja.

    Não critico pessoas que gostam de viajar para achar o sentido de estar vivo ou coisa assim; pelo contrário, acho o desapego louvável e muito bonito. Porém, não posso deixar de achar chato essa mania que o ser humano tem de tentar dar explicação pra tudo, só porque é um "animal racional". Claro, muitos avanços na humanidade se deram por homens e mulheres que questionavam. Mas às vezes, essa obstinação pode se tornar ruim. Penso que cada lugar no mundo tem o potencial de nos fazer bem ou mal. Simplesmente procurar como se sua vida dependesse disso pode ser frustrante. Não seria melhor se só caminhássemos por esses lugares para, quem sabe, de repente sermos surpreendidos por boas pessoas, boas paisagens, boas sensações?

    Só meu ponto de vista (;

    Lindo texto. Orgulhinho de vc. *-*

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  3. muitobom o seu blog, escreve muito bem.

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  4. Agora que você mencionou este filme, me deu uma vontade de assistir ... Já ouvi uma série de comentários a respeito, mas até então, ainda não tive tempo :/ Quanto ao texto, está ótimo! Concordo com o comentário acima, escreve muito bem.
    Até mais!

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  5. Curti a postagem. Mas no meu caso me faltam os dois: Coragem e força de vontade. Admiro esses seus amigos e tambem fico feliz por voce pensar assim, Boi.

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  6. Texto bom pra ler com a OST do filme.

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  7. Curti o conteúdo do blog, o comentário sobre o filme, que aliás, como não ter essa sensação toda ao assisti-lo, né? rs... Mas curti mais ainda essa sua descoberta da natureza, é realmente bonito ver as pessoas despertando p/ tudo aquilo que realmente é a nossa base, a natureza. No dia a dia ela fica tão esquecida e cara, como é bom ler o que li! rsrs
    Pô, anseio pra ler o próximo texto.
    Que a natureza nos guie sempre. \o

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  8. Massa, cara.

    Ow, quando achei seu blog, tive a impressão de te conhecer de algum lugar. Agora que reli o trecho do texto sobre São Tomé e vi sua foto, lembrei... Eu trombei vc em São Tomé, eu tinha acabado de chegar na cidade com um amigo meu (era noite), e vc e um amigo seu (se não me engano) passaram por nós e eu perguntei sobre o Keyson...fiquei uns dias por lá, te vi mais algumas vezes, mas não chegamos a conversar. Enfim, acho que é vc...rs

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  10. É muito difícl saber o que é liberdade ao certo, mesmo. Felicidade mais ainda. Só aproveitando as boas oportunidades que a vida oferece é que podemos evoluir as nossas mentes.

    Rodrigo"

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