quarta-feira, 30 de maio de 2012

Morte


     Fantasmas. Fantasmas nascem de mortes mal resolvidas. A arte domina a vida e concebe a morte. Seria eu capaz de matar, não sei se em verso, mas talvez em prosa, a existência de minha vida? Ou de outras vidas? Ceifar de quem ou o que eu quiser o direito de viver em mim? E se o problema for “querer”? E seu eu transformasse em uma música? Um rock’n’roll, talvez. Um rock’n’roll seria ótimo, mesmo com meus ouvidos clamando por um blues. O blues da piedade, talvez (risos nervosos). Talvez um quadro, ou uma fotografia. E se fosse algo pequeno? Que eu pudesse esconder em qualquer lugar? Ou talvez em uma pessoa! Então eu não teria controle. Uma pessoa qualquer que reagisse de uma forma qualquer a qualquer reação minha. E que, num momento atravessado, atravessasse a rua e partisse sem ao menos olhar para trás. Não tivesse nome ou endereço. Muito menos conhecidos que trouxessem notícias. Perder-se-ia nas ruas infinitas dessa cidade grande. Desapareceria. Minha primeira atitude seria a alegria. Mas será que com o peso do tempo eu aguentaria?

Gabriel Lopes Sattelmayer

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