Fantasmas. Fantasmas nascem de mortes mal
resolvidas. A arte domina a vida e concebe a morte. Seria eu capaz de matar,
não sei se em verso, mas talvez em prosa, a existência de minha vida? Ou de
outras vidas? Ceifar de quem ou o que eu quiser o direito de viver em mim? E se
o problema for “querer”? E seu eu transformasse em uma música? Um rock’n’roll,
talvez. Um rock’n’roll seria ótimo, mesmo com meus ouvidos clamando por um
blues. O blues da piedade, talvez (risos nervosos). Talvez um quadro, ou uma
fotografia. E se fosse algo pequeno? Que eu pudesse esconder em qualquer lugar?
Ou talvez em uma pessoa! Então eu não teria controle. Uma pessoa qualquer que
reagisse de uma forma qualquer a qualquer reação minha. E que, num momento atravessado,
atravessasse a rua e partisse sem ao menos olhar para trás. Não tivesse nome ou
endereço. Muito menos conhecidos que trouxessem notícias. Perder-se-ia nas ruas
infinitas dessa cidade grande. Desapareceria. Minha primeira atitude seria a
alegria. Mas será que com o peso do tempo eu aguentaria?
Gabriel
Lopes Sattelmayer
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