terça-feira, 6 de setembro de 2011

Impostura


    O controle de agir de maneira coerente a fim de seguir ou não a razão não é nada mais que limitação, porém, se policiar para não se limitar também é uma limitação. Ser sensato é dar ouvidos aos precedentes, mas qual a vantagem de ser sensato quando a sensatez ceifa-lhe a espontaneidade? Viver com medo é o mesmo que não viver.
     A vida foi feita para ser marcada e para nos deixar a sua marca. As marcas são metade. Metade lágrima, metade sorriso. Mesmo as metades não se limitam em ser inteiramente uma só razão.
     Com bons olhos são vistos aqueles que observam analiticamente o seu cerco. Mas de que serve a análise se não para criar “pseudo-cascas”? Qual a razão de desenvolver defesas em um mundo onde a maioria dos tiros ruma diretamente aos pés?
     A melancolia é minha parceira e a contradição, meu cotidiano. Minha curiosidade é: como é viver de peito aberto? Não sei se por tédio ou teimosia, faço inúmeras tentativas de resgatar o que eu mesmo quis tirar de mim. O mais irônico é clamar pela ressurreição da simplicidade de uma criança. A mesma simplicidade amaldiçoada pela adolescência, onde tudo parecia estar errado. Quão idiotas somos nós! Melhor dizendo... Quão idiota sou eu! Está tudo do avesso!


Gabriel Lopes Sattelmayer

Um comentário:

  1. A dúvida faz parte do homem. Ser inteiro é apenas compartilhar partes num mesmo estado.

    Abraços!

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